Sindicato
dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed) recomenda aos prefeitos de Cuiabá,
Emanuel Pinheiro (MDB), e de Várzea Grande, Lucimar Campos (DEM), que decretem
lockdown como medida para evitar mais mortes pela Covid-19.
Conforme o documento o Sindimed, o sistema de saúde está em colapso principalmente
agora em tempos de pandemia expondo a péssima estrutura, a falta de
profissionais e de condições de trabalho dignas.
Com o aumento exponencial de casos de covid-19 na Baixada Cuiabana, os
profissionais médicos comunicaram ao Sindicato o esgotamento dos leitos de UTI
na rede particular, e da falta de materiais e medicamentos, para garantia do
atendimento à população, nos estabelecimentos públicos.
Nessa situação as condições de trabalho dos profissionais são
absolutamente precárias, e colocam em risco toda a população. Além da falta de
leitos, não existem medicamentos para sedação de pacientes internados nas
UTI´S, e que precisam permanecer entubados, para sobreviverem a falta de
oxigênio, provocada pelo comprometimento dos pulmões contaminados pelo
Covid-19.
Nas palavras dos profissionais: “Estamos presenciando nossos pacientes
se afogarem no seco e em profundo sofrimento, pela falta dos sedativos
adequados”. Cenas dantescas, como essas, estão sendo recorrentemente
presenciadas.
Além disso, os relatos são de que os pacientes que entram na UTI e que
são entubados, lamentavelmente, não se recuperam.
A condição de impotência ante as circunstâncias, aumenta pela sensação
de constante risco de contágio, pela falta de equipamentos de proteção
individuais adequados, e em quantidade suficiente para todos os profissionais.
A pandemia agravou o já constante adoecimento de servidores da saúde,
mormente, pelas precárias condições de trabalho, ritmo de atendimentos, e
típico stress provocado pela grande morbidade, que se abateu por toda nação.
O Brasil tem 31.790 casos confirmados de Covid-19 em profissionais de
saúde desde o início da epidemia no país. Segundo dados foram divulgados, no
dia 14 de maio de 2020 pelo Ministério da Saúde, na data em que este petitório
é protocolado, o número seguramente é muito superior.
Desdes 199.768 profissionais foram identificados como casos
suspeitos da doença e precisaram ser afastados. Além dos 31,7 mil confirmados,
114.301 ainda estão em investigação e outros 53.677 já foram descartados (dados
de 14 de maio).
Dos casos suspeitos, a categoria mais afetada é a dos técnicos ou
auxiliares de enfermagem (34,2%), seguido dos enfermeiros (16,9%) e dos médicos
(13,3%). Segundo o ministério, os dados ainda são preliminares.
Mesmo para os profissionais de saúde diretamente envolvidos com os
cuidados aos pacientes, o que se vê é que pouco se discute, sobre as condições
e organização do trabalho, prevalecendo, até o momento, protocolos com
recomendação de medidas individuais (higiene e uso de equipamentos de
proteção), fundamentais, mas insuficientes para o controle geral da
disseminação e da exposição ao vírus.
Um claro exemplo disso é que pacientes que buscam atendimentos nas
Unidades de Saúde, e que são classificados como verde ou azul (não são
urgentes, podendo esperar até 4 horas pelo atendimento), ficam no mesmo local
em que estão aguardando atendimento pessoas com sintomas de Covid-19.
É nesse ponto que se insere a importância da testagem em massa de todos
os profissionais de forma sistemática e constante. Todas as medidas de proteção
previstas no protocolo de manejo clínico do coronavírus, no Brasil, dizem
respeito à biossegurança. Mas há relatos de profissionais denunciando condições
de trabalho precarizadas, higiene inadequada, jornadas extenuantes, falta de
treinamento e, inclusive, insuficiência ou indisponibilidade de equipamentos de
proteção, mesmo nos serviços de terapia intensiva.
O LOCKDOWN se faz necessário para interromper o movimento da população
que permite ganhar tempo e reduz a pressão nos sistemas de saúde. Não
basta que o isolamento seja parcial, ou “vertical” (isto é, apenas de idosos e
pessoas em grupos de risco), pois, se o vírus se espalhar mais rapidamente no
resto da população, inevitavelmente chegará aos idosos. Não apenas seria
ineficiente, mas impraticável no país, tendo em vista que incontável número de
idosos residem com crianças e jovens, sendo inviável separá-los das famílias,
que podem trazer o vírus para dentro de casa e contaminá-los.
Portanto, a inadequada efetivação do isolamento, contraria o que afirmam
especialistas, e as medidas adotadas por praticamente todos os países, e coloca
a população em risco. As medidas de flexibilização, como a abertura de
shoppings e bares em Cuiabá, reflete já mostram seus resultados, os números não
param de crescer.
O Sindimed ainda requer a instalação de hospitais de campanha,
sugerindo-se a utilização de espaços públicos atualmente sem utilização a
exemplo do Estádio da Arena Pantanal.
O ofício pedindo o LOCKDOWN foi encaminhado para as prefeituras de
Cuiabá é Várzea Grande e ainda para o Ministério Público Estadual de MT.

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